lundi 30 décembre 2013

PRESENTE DE NATAL

Cerâmica de Lourdes Vieira


No olhar perdido
Do menino
Espelha a tristeza
Vida de luta 
Que o destino lhe deu


Menino de criação
Menino de recado
Menino de lavoura
Menino pastor
Partiu para longe
Em busca da vida
De sol a sol
E pela noite fora
Quando o breu é mais breu
E o gargalhar das hienas
Ecoa  ao longe

Menino triste
De tenra idade
Não sabe ao certo
Há quantas chuvas
Entristeceu!
Apenas sabe
O que a vida ensinou
O temor do chicote
O frio da noite
E a fome constante...

É Natal
E o menino está triste
Não vê as luzes
Nem as guirlandas
Prefere a magia
Do esplendor das estrelas
Fieis companheiras
Das noites sem breu

Amedrontam-lhe os risos
Dos outros passantes
Lembram-lhe  hienas
Em noites de breu!

Dá-me um sorriso
Menino tristonho!
É festa
É Natal
Dá cá tua mão
Em troca recebo
Um olhar lacrimoso
Menino tristonho
Deixou de sorrir...

Ofereço-lhe uma bola
E ele diz-me que não!
Dou-lhe um carrinho
E ele diz-me
Não quero!
E um pedaço de pão?
Também me diz não!

Menino triste
Não sabe brincar?
Não joga à bola?
Não quer comer pão?
E ele diz-me que não!

Não quer um presente?
Ai! Ué! Quero sim!
Mas que presente
Menino tristonho?
Quero um presente
Que ninguém pode dar
Quero um afago
De mil abraços
Quero a ternura
De mil venturas
Quero perder-me
No doce regaço
Da minha mãe!


Dezembro de 2008 

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