Menina do rio
Do monte
E do mar
De beleza serena
Contrastes e cores
Em seu coração palpitam a
história
E as memórias que do tempo
guardou
Traz no corpo um acorde
perfeito
Do passado e presente que
casou
Deu filhos ao mar e caminhos
ao mundo
Lançou com arrojo um desafio
ao futuro
Menina do povo
Nobre se tornou
Seu nome primeiro...
Viana da Foz do Lima
Mas quando a nobreza chegou
A “vila notável”
Viana do Castelo se
chamou...
VIANA, TAL COMO A SENTI...
Foi em 2005 que fui pela primeira vez a Viana do Castelo. Uma estada curta
de pouco mais de uma trintena de horas para participar, a convite da Câmara
Municipal e do Centro Cultural do Alto
Minho, nas edições desse ano da Feira do Livro e da Lusofonia. Razões
profissionais não me deixaram ficar mais tempo nessa bela cidade para melhor
conhecê-la. Mas foi o suficiente para que me apercebesse de que estava perante uma
cidade que fez História e que corajosamente desafiava o futuro.
Confesso que Viana me surprendeu pela positiva! A Viana que descobri estava
longe da que registara a minha memória de menina, marcada por aquilo que me
ficou das lições de história e geografia de “Portugal Continental”, nos já
longínquos anos sessenta da minha escola primária. Não sei se foi o filtro do
tempo ou se um ensinamento parcial ou incompleto, o certo é que de Viana do
Castelo guardei apenas duas referências: ter sido a capital da província do
Minho, a primeira do “Portugal do Minho a Timor” e a exuberância dos belos
trajes tradicionais dessa região, que muitas vezes eram escolhidos como
trajes de Carnaval nos desfiles realizados no então Parque dos Heróis de Chaves
de Luanda, cidade que me viu nascer e crescer...
Fiquei alojada no “coração da cidade”, o que me deu a ocasião, nos poucos
tempos livres de que dispunha, de dar um passeio pela urbe. Primeiro pelo
Centro Histórico, onde me encantei com uma Viana que soube trazer modernidade a
um património do passado numa harmonia serena. O edifício dos Paços do
Concelho, a Casa da Mesericórdia, o Chafariz e tantos outros, saídos de uma
outra época, resplandeciam revigorados pelas suas atribuições numa cidade que mostrava
prosperidade em pleno século XXI. Foi o
Museu do Traje que estabeleceu uma ligação entre a Viana que eu descobria e
aquela que guardava na minha recordação, pois logo imaginei quantos carnavais
os trajes que ele guardava poderiam alimentar!
Museu do Traje |
Um outro momento forte foi a subida ao Monte de Santa Luzia e a breve
visita ao Monumento do Sagrado Coração de Jesus. De lá de cima, com a cidade a
meus pés, perguntei-me se a benção para uma tal harmonia urbanística não viria
desse Coração protector...
Filha de ilhéus e criada à beira mar, não poderia ter deixado de descer à
margem do rio, lá onde ele se lança no oceano. O oceano que é o mesmo das ilhas
das minhas raízes[1], da
terra do meu berço[2] e do
país que se tornou também meu[3].
O Oceano Atlântico, a estrada pela qual partiram as Caravelas e muitas delas,
certamente, daquele ponto preciso onde eu me encontrava. Apazigua-me o mar, meu
confidente de sempre. E foram longos os minutos que lá permaneci, falando
comigo mesma ou com a menininha que fui, dizendo-lhe que, finalmente, conhecera
Viana do Castelo e que ela não tinha apenas os trajes tradicionais dos
carnavais da minha infância!
Mas a sabura[4] e a
morabeza[5]
de uma terra não são determinadas apenas pela beleza da sua paisagem natural ou
dos seus monumentos. As suas gentes são o espelho através do qual se reflecte a
sua alma. E em Viana senti a morabeza dos seus habitantes, nas ruas, nos
comércios e, particularmente, nas pessoas que me acolheram e hospedaram,
tratando-me como se da família fosse. Descobri o encanto de uma cidade que o
conforto do progresso não parecia ter destruído o seu lado humano. E, quando,
na manhã do meu regresso, partia para o aeroporto, a cidadã do mundo que habita
em mim sentiu que deixava um chão[6]
onde não se importaria de viver um dia...
30 de Abril de 2007
Cara Filomena Embaló
RépondreSupprimerFiquei imensamente feliz com a sua visita e com as preciosas palavras que me deixou lá no Xaile de Seda. Sou uma grande admiradora sua e da sua obra.
Gostei muito do seu blogue e, claro, ter-me-á por aqui a ler e a comentar a sua prosa e a sua poesia.
Grande abraço
Olinda
Obrigada, Olinda, por ter passado por aqui. também gostei imenso do seu blogue e por lá passarei sempre que puder.
RépondreSupprimerUm abraço e ficamos em contacto,
Filomena
Por aqui em busca de novidades. :)
RépondreSupprimerAbraço
Olinda